sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Louvor à maturidade


A juventude é um idade de ouro e sempre lembrada com nostalgia. É um breve momento inesquecível, romântico, vibrante, emocionante e feliz. É uma fase feliz, vigorosa e criativa, onde tudo é novo e fresco como uma densa nuvem no céu com nuances de rosas. Mas.....devemos reconhecer que essa mesma juventude tão louvada, cantada e tocante é também um momento repleto de lutas, de preocupações, de nuvens escuras, muitas vezes de privações e nunca livre de incertezas, ciúmes, turbulências, competições, medos, ansiedades e rivalidades. É como uma corrida na qual é preciso ter concorrentes o tempo todo e vencê-los para se conseguir um troféu cobiçado.
“Felizmente, tanto na natureza como nos seres humanos,” depois da tempestade vem a bonança.“E talvez o melhor da juventude”...é que ela já passou. É como uma folha que se deixou levar pela correnteza.
A verdade é que sem saber quando, ou mesmo sem poder definir uma idade específica (para alguns antes, outros depois), em algum ponto impreciso da vida chega-se a esse lapso de tempo em que tudo fica mais lento e começa a diminuir a sua marcha, pousando suavemente sem pressa dentro de nós mesmos. O rio caudaloso se transforma em um fluxo de paz e move-se lentamente quase sem sentir transformar-se em uma grandeza infinita profunda e imensurável que é o final de todas as viagens e para onde vão parar todos os rios: o mar.
Essa etapa é a maturidade. Que seja bem vinda. Maturidade não é exatamente o meio dia, nem a tarde, nem a noite. Antes eu diria que é o tempo impreciso que chega misterioso nas primeiras oras do dia após momentos de nevoeiros voláteis que se dissolvem lentamente quando tocados pela luz do sol surgindo. Assim chega... a madrugada. É algo extraordinário: agora não estamos mais preocupados com as tendências ou mudanças que experimentam as novas gerações. Eles estão dobrando noites se debatendo para fazerem inovações naquilo que inovamos para eles. Essas novas tendências e costumes não mais nos afetam porque nós não somos obrigados a usar, a mudar nem dar início a novos costumes. A nossa época já é uma justificativa suficiente para nos manter como estamos. Já fizemos nossas mudanças mas não estamos alheios ao básico e ao essencial. Nós, bem ou mal, não importa como, estamos na direção da reta final. Então temos tudo para comemorar. Nós chegamos!
Ao chegar à maturidade cessam as dúvidas e as incertezas constantes. Se você não quiser não precisa mais trabalhar ou ficar até mais tarde estudando, não precisa mais ficar correndo atrás do ônibus na parte da manhã, apresentar trabalhos sufocantes de última hora, passar no vestibular, imaginar com quem se casar, onde levar a noiva ou se preocupar como conseguir um emprego. Definitivamente, o que tínhamos de ser, já somos. E o que não haveríamos de ser, não fomos... e nem mais seremos... Não a esta altura, disso não temos nenhuma dúvida. Então para que nos preocuparmos?
Para nós que” cruzamos a fronteira”e estamos do, outro lado, colocados nesse terraço amplo,silencioso e arejado, não existem correrias, nervosismo, competições, lutas ou duelos até a morte. Nosso lugar está no palco e não no ringue. Ou pelo menos, atrás das barreiras. A idade dos impulsos arrebatadores, então, já terminou. Acabaram-se as preocupações, ansiedades e dúvidas. Isto é muito bom. Se esta é a maturidade, que seja bem vinda! Hoje é aquele futuro do qual estávamos tão temerosos ontem.E veja você, tudo correu bem. A conclusão é que como já estamos na maturidade já não fazemos planos a longo prazo (não devemos). É necessário que,agora, comecemos já a ver os resultados de tudo aquilo para o qual antes costumávamos trabalhar, planejar, economizar e preparar ao longo de toda uma vida. Já não temos que continuar adiando mais as coisas ou fazer planos inalcançáveis “para o futuro”... porque para nós está bem claro... O futuro está aqui.
O tempo não espera, de maneira que nós, também, não esperamos mais. Se ainda dispomos de uma razoável saúde e ainda conseguimos andar normalmente; se ainda podemos comer de “quase tudo” ainda podemos desfrutar de alguns atrativos da vida, aproveitemos. Abram seus armários com porcelanas, pratarias e cristais que se tornaram lembranças e use-os até se quebrarem (quebram-se facilmente e rapidamente). Não espere os vinhos envelhecerem por mais um século. Para quando estão guardados? Se um ladrão não os levar, seus netos os acharão e os quebrarão! Que não tenhamos que dizer depois:” tarde demais para recomeçar”!Não fique esperando uma manhã brilhante e gloriosa, singular e perfeita. Se pensou em algum dia ter um barco, uma moto, uma câmara digital, um notebook ou um tablet (se você gosta destas coisas e tem dinheiro para adquiri-las) pode comprar agora! A hora é agora. Não perca mais tempo! E se estiver fazendo planos para um dia fazer uma viagem a Europa, ou as cataratas do Iguaçu, Hawaii, para o Alasca, para a China ou mesmo para a patagônia, muito bem; antes que outra coisa aconteça como a desvalorização da moeda, uma cirurgia repentina, um AVC ou infarto... Vá logo! Tá esperando o que?
Eu pessoalmente, pelo que sinto descobrir a chegada da maturidade tem m e fascinado e me enche de alegria. Muito estou impressionado. Eu nunca imaginei que fosse assim!! Com inusitado espanto eu descubro dia a dia novas surpresas e satisfações as quais nunca sonhei que existissem.
Adaptado do texto de Francisco Arámburo Sales
 
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