Dramatiações

1- FEIURINHA
Música crescente na casa dos pais de Feiurinha.
 O pai e a mãe estão pobremente vestidos.
 Em um berço está o bebê
 Pai – Somos tão pobres, mulher, mas agora temos um tesouro...
 Mãe – Um tesouro mesmo, meu marido! Nem a rainha tem uma filha tão linda...
 Pai – É mesmo, mulher, valerá a pena trabalhar ainda mais para criar esta menina tão linda...
 Mãe – Que nome vamos dar a ela, marido?
 Pai – Não sei ainda, mulher. Temos de escolher um nome muito bonito. Tão bonito quanto ela..
 Ouvem-se batidas na porta.
 Mãe – Estão batendo, marido. Quem poderá ser?
 Pai – Não sei, mulher. Talvez algum conhecido da aldeia que queira conhecer nossa nova filhinha...
 Mãe – Vá abrir, marido. 
 O pai abre a porta.
 Surgem Ruim, Malvada e Piorainda.
Vestem largos mantos negros e esfarrapados. Na cabeça, chapéus de bruxa, com cabeleiras e uma meia máscara que lhes cobre a testa, as faces e o nariz. Nariz de bruxa exageradamente grande e adunco. Falam falsa e educadamente.
 Rum – Boa noite, meu bom homem. Ouvimos dizer que aqui nesta casa nasceu uma linda menina... Malvada – Linda! Muito linda, sim...
 Piorainda – E viemos fazer uma visitinha...
 Pai – Oh, Mas que bom! Entrem por favor, não vão reparar...A casa é tão simples...Casa de gente pobre... 
 Malvada - Com licença...
 Ruim – (Vai até o berço) Que gracinha! Bilu Bilu Bilu!
 Piorainda – Posso pegar no colo?
 Mãe – É claro... A vontade.
 Piorainda – (pega o bebê)
 Agora, Malvada! Malvada – (fazendo gestos cabalísticos) Céu escuro e trovoada...
 Pai – Céu escuro? Mas o tempo estava tão bonito...
 Malvada – Céu escuro e trovoada. Noite suja, noite escura! Estes dois vão ficar duros! Duros feito rapadura! Zim! Zam! Zum! Efeito de explosão de gelo seco em volta dos pais.
 Os dois ficam imóveis. 
 Ruim – Ah, ah, ah! Conseguimos, irmãzinhas!
 Piorainda - Essa menina vai crescer junto a nossa sobrinha que acabou de nascer 
 Ruuim – Ela tem que aprender a ser feia.
 Seu nome vai ser feiurinha.
 Piorainda – Feiurinha,Feiurinha! Ah,ah, ah! Como nós somos terríveis!
 Ruim – Nossa sobrinha é o bebê mais feio do mundo! Já nasceu carolha, e caspenta. Mas seu nome é Belezinha. Porque a beleza agora é nossa. Passaram-se quinze anos.
 Ruim – Ah,ah,ah! Amanhã é o aniversário de quinze anos de Belezinha! Belezinha – Quero uma festa bem tremenda!
 Malvada – Sabe o que estou lembrando agora? Que amanhã é também o aniversário de Feiurinha.
 Ruim – Ah, ah, ah! Como vamos nos divertir!
 Belezinha – Feiurinha! Aqui! Já, já! Entra
 Feiurinha. É uma jovem muito linda, pobremente vestida.
 Feiurinha – Eu estava arreando o caldeirai...Eu...
 Piorainda – nós somos lindas! Ruim – Nós somos a regra!
 Malvada – Você é a exceção!
 Piorainda – Você é feia demais.
 Dançam em volta da menina. Por fim, Belezura estende a perna fazendo com que Feiurinha tropece e caia. A menina chora.
 Piorainda – Nós somos terríveis!
 Ruim – Agora nós vamos sair,Feiurinha.Faça o seu trabalho e não se afaste daqui. Lembre-se: beleza só existe aqui, na nossa choupana. Longe daqui você só vai encontrar feiúra e coisas hororosas como você! Lembre-se! Saem
 Feiurinha pega um balde e vai do lado direito do palco onde há algumas pedras, dando a impressão que há um lago. Ao lado das pedras está um bode.
 Feiurinha – Ai, como sou feia! Ai, como sou infeliz! Ah, amigo bode... Você é lindo como as minhas madrastas... Você é velho, sujo e cheio de pulgas e piolhos.Você é tão lindo! Fedido como as minhas madrastas. Mas você não judia de mim... Você parece me compreender,amigo bode ..Veja a minha imagem refletida na água do lago. Veja como eu sou feia...Não tenho nenhuma verruga.Como sou infeliz,amigo bode! Belezinha e minhas madrastas até que têm razão em brigar tanto comigo. Para elas deve ser duro morar a vida inteira com um sere tão feio, tão horroroso e tão repugnante como eu! Se ao menos eu tivesse uma verruga! Uma verruguinha só para mostrar a elas que eu não sou assim tão feia. Procura nos braços e nas pernas. Continua procurando e fica de costas para a platéia. Deixa cair o vestido para se ver melhor nas águas do lago. Nada, querido bode! Nem uma pintinha!
 (um estrondo, explosão de gelo seco e o bode desaparece atrás das pedras do lago. Produz-se uma nuvem de fumaça de dentro da qual surge o príncipe.
 É um rapaz belíssimo, alto e forte. Veste-se normalmente como um camponês medieval.
 Feiurinha pega o vestido e cobre-se com ele. Como o príncipe está fora dos padrões de beleza conhecidos pela Feiurinha, a menina se assusta. Você é alto,forte e musculoso... Seus dentes são brancos... Seus olhos são verdes como a luz do amanhecer... Você...Você nem ao menos é birolho como a Piorainda...Como...Como você é horrível! Socorro!
 O príncipe corre para ela e a abraça. 
 Príncipe – Por favor, não fuja, Feiurinha! Eu passei esses anos todos ao seu lado, sonhando com esse momento! Eu sou um príncipe encantado que foi transformado em bode pelas três bruxas. Sua beleza me libertou da maldição!
 Feiurinha – Beleza?! Mas eu sou horrorosa!
 Príncipe – Você é o anjo mais lindo da terra, Feiurinha! Eu assisti esses anos todos a crueldade dessas bruxas que a enganaram fazendo=a pensar que o feio é bonito e o bonito é feio. Elas sim são um horror! Eu vou mostrar-lhe a verdade! Vamos ao meu reino e eu vou mostrar que o mundo inteiro cairá de joelho frente a sua beleza!

 3 - LAMPIÃO E MARIA BONITINHA
Lampião em defesa do sertão 
 Na casa de Lampião. Lampião e seu avô estão conversando.
 Lampião pega um álbum de fotografias e pergunta: Lampião - Vovô cadê esse pessoal?
 Seu avô – É meu filho, a coisa aqui está preta. Todo mundo está indo embora prá mode não morrer de fome. E a terra se perde sem se poder sem se poder plantar nem colher. Eu até penso que aqui pode virar um deserto.
 Lampião – Vô, isso não vai ficar assim não!
 Avô – Ué! E o que Ocê vai fazer? Vai falar com Deus é seu cabrito?
 Lampião – Debaixo de chuva ou de sol, de pé calçado ou descalço eu vou salvar o povo deste sertão.
 Avô – Mas tu sabes que vai correr perigo, não sabes? Tu não tens medo não?
 Lampião – Medo? Eu tenho muito é amor por este sertão! O Nordeste é o meu país. Deixe eu ir!
 Avô - Se é assim, vai com Deus, menino! No final do primeiro dia de peregrinação em busca de uma solução, eis que o nosso amigo pensou estar vendo uma assombração. Coçou os olhos turvos para ver melhor. Lampião - Vige! Quem és tu, mulher?
 A mulher de vestido bem florido, bem rodado, bateu de leve no ombro do garoto, fazendo um certo charme e respondeu; Cigana – Sou aquela que vai dizer o teu futuro. Dê cá a tua mão...
 Lampião – Estendeu a mão e disse: Olha lá, cigana que eu não quero ouvir coisa ruim! Diga logo! 
 Cigana – Hum, hum, hum sussurrou a mulher misteriosa. E rodando lampião, disse: Olhe cabrito! Tu vai precisar de muita coragem! Tu tens um longo caminho para percorrer. Solta a mão de Lampião e diz: Nessa empreitada tu vais...morrer! Lampião ficou tão ocioso que caiu desmaiado no chão. A cigana desapareceu deixando o menino ali desmaiado no sol quente.
 E agora, será que o cabra da peste, mais corajoso que boi bumba, que diz que não tem medo de nada, cai de costas quando a morte vem lhe amaldiçoar? Cadê a coragem que ele tem para dar? Que nada companheiros, Lampião é aventureiro e não será a cigana que vai lhe fazer ficar encolhido no banheiro. Lampião vai se levantar e vai botar para quebrar! Porque susto não é a mesma coisa que medo.
 Lampião – E agora, meu padim Ciço do Juazeiro! Como será? O que vai ser desse sertão se eu morrer? Eu quero lutar e o senhor precisa me ajudar. Lampião fecha os olhos com devoção e fé.
 Depois ouve uma voz: Um dia todos nós vamos morrer. Mas não vai ser fácil. Cobra de quem tem obrigação de ajudar o povo do sertão! Lampião ficou muito confuso, andando para um lado e outro quando ouviu o som de uma música. Um forró daqueles maravilhosos! O barulho de festa chamou a atenção dele. Ao chegar na festa ficou curioso e resolveu logo entrar. Olhou para o lado e viu uma garotinha linda!... Encantado, Lampião chegou mais perto da belezura e viu que ela estava acompanhada de duas pessoas: Um menino baixinho e uma menina bem alta. Eles estavam rindo e conversando. 
Sem pensar, Lampião interrompeu a farra do grupo e recitou em forma de repente para a morena faceira. Lampião – Tu és menina bonita, meu anjo de candura, meu amor, O que eu estou sentindo por ti agora é uma loucura. Por ti eu mato e morro! Tu és a luz que me ilumina! São os teus olhos que me guiam... Diz minha fulorzinha de mandacaru será que tu vais querer esse rapaz pra sempre juntinho de ti?
 A menina, como que enfeitiçada, soltou o braço de seus amigos e saiu andando em direção de Lampião, completamente fascinada... 
 Maria Bonita – Quem és tu, menino? Olhe, sabes que eu gostei de ti? E começaram a dançar.
 Depois que termina o forró Lampião pergunta:
 Lampião – Você vai comigo cumprir nosso destino! Porque te amo e sou teu amigo!
 Os amigos se aproximam:
 Corisco – Tu és um conquistador!
 Maria Bonita – Agora vão brigar? Estes são meus amigos. Corisco e Creuza.
 Lampião – O meu nome é Virgulino Ferreira mas todo mundo me conhece por Lampião.(derreteu-se tirando o chapéu). Nós precisamos lutar para o nosso sertão ficar bonito, mais florido, com mais água!... Eu estou pensando em pedir ajuda para as criaturas do mato.
 Creuza – Valha-me Deus! O Lampião vai chamar o lobisomem, a caipora. Disse fazendo o sinal da cruz. Maria Bonita – O papa figo, a mula sem cabeça o curupira...
 Lampião – O saci-pererê.
 Corisco - E que loucura é essa?
 Creuza – mas ninguém acredita nesses bichos. Dizem que eles não existem, é apenas lenda.
 Lampião – É, mas nos vamos fazer o povo acreditar nos bichos da mata e no sertão de novo. E se foram de mata adentro, atrás dos bichos. 
 Creuza – Isso é coisa do Cão, viu! Nós vamos parar no inferno! 
 Corisco – Mas é o único jeito de salvar o sertão. Então, lampião e seus amigos começaram a chamar: Primeiro aparece a caipora, rindo e fumando, pendurada num cipó.
 Depois o Saci. Veio num redemo- inho, fumando cachimbo e falando uma língua que ninguém entende.
 O lobisomem deu as caras olhando para a lua que estava no céu e uivando muito alto.. 
o Papa-figos chegou rindo, com um saco nas costas e maior do que ele.
O curupira com seus pés virados para trás pulava e dançava zombando de todos.
 E por último apareceu a mula sem cabeça cuspindo fogo sem parar.
 Saci – Se dirige ao lampião e diz: Conte ao povo que nós existimos mesmo. Que as pessoas precisam acreditar. Dar valor à natureza, cuidar dela porque se não tudo vai mesmo acabar.
 Depois de ouvir os bichos, Lampião e seu bando foram para a cidade falar com uns tais de homens chamados políticos Lá encontraram um punk. Acharam que ele se parecia com um bicho do mato.
 Lampião – Você sabe onde podemos encontrar os políticos.
Punk –(Pega a lista telefônica procura e dá para eles o endereço) dizendo: Venham comigo achei o tal político que vocês procuram. E colocou a lista telefônica em baixo do braço. Depois de andar duas horas chegaram ao escritório do político.
 Lampião estava tão emfezado que nem a secretária fio capaz de impedir a entrada dele na sala do homem. Sem pedir licença os quatro invadiram o local e foram logo dizendo: Os quatro – Nós temos um assunto muito sério pra falar com o senhor! É urgente! Urgentíssimo!
 Político – Muito bem, Muito bem, então vamos falando logo, minha hora vale muito ouro...
 Creuza – Olhe que Deus castiga. Se o senhor não pegar essa dinheirama toda que o senhor tem aí e não ajudar aquelas terras lindas, lindas.
 Político – Calma,calma. Esperem aí. Nós estamos mandando recursos para lá: alimentos, roupas, água, tudo que vocês precisam para passar a seca.
 Lampião – Mas é isso que está errado! É a seca que tem que se acabar e não nós que tem de passar a seca! O povo precisa plantar e colher, sabe?
 Político – Até chuva artificial nós temos mandado!
 Maria Bonita _ Não chega nada dessas coisas que o senhor diz que manda! O senhor não está vendo que isso não resolve? Olhe, até os bichos da mata estão revoltados! E por acaso, o senhor sabe o que vai acontecer se o sertanejo se revoltar?
 Aparecem todos os bichos da mata querendo invadir o escritório do político.
 O político com ar de desesperado promete:
 Político – Não, pelo amor de Deus! Eu vou mandar construir poços artesanais na região e cisternas na região e em todas as fazendas. Vou mandar irrigar todas as terras e não só as minhas, vou mandar levar sementes e vou fiscalizar tudo... [Adaptado do livro A história de Lampião Júnior e Maria Bonitinha de Januária Cristina Alves. Ed. Carmelo] _______________________________________________________________________________________________________ 4 - O SOLAR ASSOMBRADO A rua estava alegre, algumas pessoas passeavam na calçada e conversavam com os amigos. De repente todos ouviram os toques de uma fanfarra. CELINA – Será desfile da pátria? ROSINHA – Estamos em julho, queridinha. Nossa, você é ruimzinha em História, em? CELINA – Ser patriota não é apenas marchar no desfile de sete de setembro. É principalmente, fazer desfile pela democracia. O grupo se aproxima trazendo uma faixa: SALVEM O SOLAR DA MARQUESA. Eles levavam cartazes e faixas: O NOSSO PATRIMÔNIO HISTÓRICO PRECISA SER PRESERVADO. O BRASIL PRECISA SER UM PAÍS DE MEMÓRIA CULTURAL. ABAIXO AS DEMOLIÇÕES DE NOSSOS CASARÕES! DINHEIRO NÃO É TUDO, MEMÓRIA TAMBÉM É IMPORTANTE! Enquanto isso uma mulher que seguia a frente ajeitava um caixote na calçada e, subindo nele, ergue o braço e começa um discurso: MULHER DE MEIA-IDADE – Cidadãos, amigos, brasileiros,fortalezenses de Henrique Jorge unamo-nos para preservar a nossa memória! Não podemos consentir que os capitalistas, proprietários das tradicionais construções desta Fortaleza continuem destruindo nossos últimos redutos arquitetônicos! O prefeito prometeu que tombaria o Solar da Marquesa,mas até hoje não moveu um dedo para assinar o decreto. MERINÓ IMPERADOR – Vocês querem que o governo cuide de tudo como se fosse a babá deste país. Tudo é o governo e adeus iniciativa privada! No próximo sábado quero todos vocês numa reunião aqui mesmo no solar à noite. REUNIÃO MERINÓ – Queridos irmãos e sobrinhos permitam-me que lhes diga umas breves palavras... Convidei-os para passar esta noite no Solar da Marquesa por razões sentimentais. Acontece que como vamos vender a uma imobiliária que nesse terreno construirá um moderníssimo apartamento, gostaria de que nunca esquecessem desta grandiosa casa... FEVER – Você não acha uma besteira vender uma casa destas? Trata-se de uma jóia arquiteto- nica. CARLOTA –Também concordo que é uma loucura vender um imóvel desses. O prefeito da cidade tinha obrigação de haver tombado este monumento! O que ele está esperando? MERINÓ – O solar continua assombrado e isso me raz muita dor de cabeça. Por isso está decidido que venderemos o imóvel e a uma hora da manhã, domingo, virá o escrivão para a assi- natura do solar. Agradeço a presença de vocês. Um se recolher aos seus aposentos e em poucos instantes todos ouvem u grito de mulher e cor- rem para a sala. HELENA – Foi horrível! Eu estava dormindo quando acordei sufocada e com um perfume muito forte. Foi uma tentativa de estrangulamento. MERINÓ – O xale da Marquesa! Sintam o perfume da falecida! Isso estava no quarto dela. Quem o tirou de lá? Se não foi o fantasma só pode ter sido algum de vocês! CARLOTA – Vou no quarto da Marquesa. Quero saber como o xale saiu de lá. Carlota deu uma olhada nos objetos e não percebeu que faltava um copo de cristal. Alguém abre um pouco a porta e joga o copo na cabeça de Carlota e ela grita. CARLOTA – ai, ai, ai... FEVER – Tia? A senhora está aí? Fazendo o que? Eu quero uma recompensa para não abrir o bico. A senhora é rica, pensa que eu não sei? O falecido titio deixou uma excelente renda mensal. CARLOTA –Está bem. Conversaremos melhor amanhã. FEVER, sorrindo vitorioso, continuou de pé no mesmo lugar. Mas inesperadamente, a luz da alcova se apaga e alguém vindo por traz agarrou-o pelo pescoço. FINESTO –Você é um canalha! Eu estava atrás da porta e escutei tudo! Estorquir dinheiro da própria família é monstruoso! Que tempos são esses? Que costumes são esses? Que sociedade é essa onde nem os parentes se respeitam? FEVER – É? Por isso o senhor não pode me criticar, pois acabou de me atacar. FINESTO – Eu quero metade do dinheiro que a Carlota ai lhe dar FEVER – Com muita raiva concordou. Está bem. Dividiremos o bolo. E foi dormir. Finesto bebe um litro de montila e também vai dormir. Logo depois alguém puxa e arrasta-o. Amarra e tira dali. Despertaram todos e foram para a sala. Ouviram um barulho esquisito. Fever puxou a cortina e encontrou o tio amordaçado e amarrado. FINESTO – Esta casa está cheia de agitadores, bagunceiros, arruaceiros, agressores e bandidos Na manhã seguinte, todos estavam com mal estar. Anaconda, a secretária, tentava quebrar a desagradável tensão e oferecia cafezinhos, bolachas, bebidas, sucos. ELVIRO – Chega e diz: pessoal esquisito esse dessa casa, não acha? Sempre trabalho em festas e nunca vi um pessoal tão estranho! ANACONDA – Ninguém dormiu direito. Parece que a cada quinze minutos acontecia alguma coisa. Esse pessoal andou a noite inteira. Aprontaram um barulhão e até falaram em fantasma. Estavam todos reunidos na sala quando alguém bateu à porta. Anaconda foi atender e veio dizendo: Senhores, aqui estão o Dr. Lupídio Caravelas (escrivão) eo Sr.Eldorado Tujilk (comprador do solar). Vou chamar Merino e sua esposa. ESCRIVÃO – Senhores, de acordo com o desejo de Dr. Merino Imperador, as pessoas aqui presentes serão todas testemunhas da venda do solar. Por isso solicito a apresentação de suas identificações. A identidade, por favor! Merino – Chega de braços com Libi, sua esposa. O escrivão, com a voz pousada, pôs-se a ler a escritura que parecia não ter mais fim. Escrivão –É só. Agora podemos passar às assinaturas. Dr. Merino, o senhor primeiro. Queira assinar nesta linha. E entrega a caneta. Agora dona Libi, por favor! LIBI – Onde devo assinar? O escrivão mostra. Libi ergue a caneta e dá um grito. Seu corpo pulsa na cadeira. Depois, tombando o rosto sobre a mesa, ficou imóvel. O escrivão constatou ao tocar que ela estava morta. CARLOS - Sai correndo e vai buscar um médico. MÉDICO – Põe o estetoscópio no peito de Libi, move negativamente a cabeça e diz: está mesmo morta! Mesmo! MERINÓ – Descontrolou-se e saiu. COMPRADOR – Cai na poltrona e diz:Adeus meu solar! ESCRIVÃO – Agora adeus escritura! E fecha o livro. Com Libi morta, Merino não pode outorgar a escritura sem antes fazer o inventário da falecida. COMPRADOR –Bem, se é assim, vamos dar o fora desta casa! CARLOS –Sinto muito senhores, mas ninguém poderá sair do solar antes que tenhamos esclarecido as coisas... Na qualidade de detetive particular, afirmo-lhes que Dona Libi foi assassinada por alguém que se encontra aqui no meio de nós! Todos protestam. Pretendo provar-lhes que Dona Libi foi asssassinada por alguém que estava interessada em tornar-se dona do Solar da marquesa! Anaconda morde os lábios e senta-se calada. Os parentes se apontam entre si. CARLOS – A Imobiliária Teto Solar desconfiou que Merino Imperador começou a ficar ruim da cabeça depois que assinou, para a firma, uma escritura de confissão de dívida. Após receber um vultoso empréstimp da imobiliária. Por essa confissão ele se comprometia a entregar o Solar da Marquesa, caso não pagasse o débito dentro de um ano. Quando soube que ele ia vender o imóvel para Eldorado Tufik, a firma mandou-me para cá a fim de evitar que a escritura fosse lavrada. ANACONDA – Então você é o único interessado na morte dela.! CARLOS - Oque eu ganharia com isso? Eu me tornaria um assassino para cumprir uma obriga- ção da firma? COMPRADOR – Vamos. Diga logo quem é o assassino! CARLOS – Eu sei quem é e vou provar. Mas antes quero que todos se retirem. Me deixem sozinho por alguns instantes. Em poucos instantes Carlos arrumou as cadeiras em círculo e chamou todos para se sentar, indicando o lugar de cada um. Depois que todos estão em seus lugares, sentados, ele mete a mão do bolso e tira um pequeno objeto que tem um botão. Parece um controle remoto. Exibe o objeto e pergunta: Vocês sabem o que é isso? Todos dão sua opinião menos a Naaconda. Vou contar até três e depois ligarei esse botão. E começou: Um... dois... ANACONDA – Espere! Não se atreva a apertar esse botão! ZILAR – Você? A assassina? ANACONDA – Claro que não! Eu só não quero que ele aperte esse botão para não natar um possível inocente! CARLOS – Ergue a cadeira onde Anaconda estava sentada. Lá está encaixada uma tomada e diz: Essa é a cadeira onde libi morreu. Foi ela quem aprontou todas aquelas assombrações. Eu a segui e vi tudo desde o início. A polícia chega e leva Anaconda presa. [Adaptado do livro Solar Assombrado de .................. ______________________________________________________________________________________________________________________ 5 - PROCLAMAÇÃO DA PEPÚBLICA Estamos comemorando os 69 anos da Independência do Brasil. Entram D.Pedro II e a Princesa Isabel. Entram, depois os militares e passam desfilando. DISCURSO DE D.PEDRO II Nossa sociedade está mudando muito rápido.Por isso temos que abolir a escravidão. As industrias têxteis estão crescendo. Os escravos ficarão livres para procurar emprego e seus patrões deverão pagar um salário pelo seu trabalho. Vamos desenvolver o transporte ferroviário. As cidades aos poucos vão crescer. Vamos melhorar a produção do café e incentivar a imigração para substituir o trabalho dos escravos. PALMAS Todos voltam para seus lugares. 2ª PARTE Agora vamos ver uma manifestação contra o Regi,e imperial. Benjamim Constante _ TODAS AS PESSOAS SÃO IGUAIS. Padres _ QUEREMOS CONTINUAR SENDO FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS Fazendeiros _ ESTAMOS SEM MÃO-DE-OBRA PARA A PRODUÇÃO DO CAFÉ. Militares _ QUEREMOS MELHORES CONDIÇÕES DE VIDA. Benjamim Constant _ A CIÊNCIA E A TECNOLOGIA VÃO ACABAR COM A MONARQUIA. 3ª PARTE Agora vamos como se deu a Proclamação da República Começa o desfile dos militares que entram desfilando. Entra Deodoro e diz: A República está proclamada. TODOS _ Estouram bolas significando uma salva de tiros. DEODORO – Vamos expulsar D Pedro II ALGUÉM FALA –Nós também queríamos participar da festa de comemoração da República! OUTRA PESSOA – Por que não nos comunicaram? MAIS OUTRA PESSOA – As pessoas só são convidadas a participar das decisões do governo na hora de votar. 6 - O Mágico de Oz Dorothy morava com o seu tio Henrique e sua tia Ema no Kansas. Ela gostava de brincar com o seu cachorro Totó. Um dia veio um ciclone e Dorothy e Totó não conseguiram se proteger. A casa subiu tão alto que foi cair numa terra estranha. Quando Dorothy se viu sozinha, quis voltar para sua terra, então veio uma bruxinha boa e disse que somente o mágico de Oz poderia ajuda-la. Deu um par de sapatinhos dourados para ajudar na caminhada. Dorothy seguiu um caminho de pedras amarelas e viu um espantalho num milharal e o libertou. - Não sei como agradecer. Disse o espantalho. – Queria ter um cérebro para saber agradecer. - Venha comigo! O mágico de Oz poderá dar um cérebro a você. Falou a menina. Mais adiante, encontrou um homem de lata enferrujado. Depois que Dorothy passou óleo, o homem de lata agradeceu e disse que queria um coração para ser generoso. - Venha conosco, o mágico de oz vai conseguir um para você. - Disse Dorothy. No caminho, um leão atacou Totó. - Você é um leão covarde Gritou Dorothy. O leão recuou e didde que era mesmo covarde. - Então venha conosco. O mágico de Oz vai lhe dar coragem. _ Disse dorothy com pena do leão Ao chegarem à cidade de de Esmeralda, foram até o misterioso mágico de Oz, que disse: - Darei cérebro ao espantalho, coração ao homem de lata e coragem ao leão, masd somente a bruxa boa do sul poderá ajudas Dorothy a ir para o Kansas. No palácio perto do deserto, a bruxs boa do sul disse a Dorothy: Ora, é só bater três vezes com estes sapatinhos encantados e fazer o pedido. Dorothy despediu-se dos amigos, fez o que a bruxa mandou e zum...voltou a ser feliz com o tio Herrique e a tia Ema no Kansas. [ Adaptado da coleção Fábulas de ouro edições todolivr] 7 - TIRADENtES Narrador: Joaquim José da Silva Xavier nasceu em 1746 no sítio Pombal (hoje Tiradentes) em Minas Gerais. Era filho do portugues Domingos da Silva dos Santos e da brasileira Antonia da Encarnação Xavier. O casal tinha sete filhos. Tiradentes era o quarto. Sua mãe falesceu quando ele tinha oito anos e seu pai quando ele tinha onze. (Padrinho) Oi josé, como vocês estão passando? (Tiradentes) Padrinho, nós estamos com muitas dificuldades. (Padrinho) José, vamos morar comigo. Vou educar você e ensinar muitas coisas que você poderá na vida prática, como atividades relacionadas a medicina e de cirurgião dentista. (Narrador) Na vida adulta, Tirad3entes precisava ser independente e para sobreviver trabalhou como mascate, minerador e médico prático. (Doente.1) Senhor Xavier, estou com o pé quebrado e com febre. Que devo fazer? (Tiradentes) Use compressa com mastruz e vamos nfazer uma amarração. (Doente.2) Senhor Xavier, meu dente está doendo. Quero extrair. (Tiradentes) Vamos extrair. (Narrador) Tiradentes arruma alguns objetos e sai nas casas vendendo. (Tiradentes) A senhora gostaria de comprar essa sandália? (Freguesa) Quanto custa? (Tiradentes) R$200,00. (Freguesa) Pronto, vou ficar com a sandália. (Policial) O senhor está preso. (Narrador) Não se sabe a causa que o levou a ser preso uma vez em Vila Rica (Ouro Preto). Saindo da prisão com pouco mais de 30 anos, sentou praça no regimento de Dragão das minas gerais, atingindo o posto de Alferes. (D.Maria I) Nomeio você, José, comandante da patrulha do Caminho Novo, que conduz ao Rio de Jaaneiro e escoa todo o ouro e os diamantes extraídos da capitania. (Narrador) Devido à mineração o território mineiro passava por uma fase de grande prosperidade. Muitas famílias ricas faziam questão que sus filhos fossem estudar na Europa. (Claudio Manuel da Costa) José, como vai? Você agora é comandamre? (Tiradentes) Sou comandante mas continuo ganhando muito pouco dinheiro. Tenho algumas reivindicações para fazer ao Rei de Portugal no Rio de Janeiro: - Quero a construção de um local para embarque e desembarque e animais. - A construção de armazém no porto. - A canalização dos rios Andaray e Maracanã. - A instalação de uma fundição de ferro. - E a livertação da Capitania de Portugal. (Claudio Manuel da Costa) Muito bem José, cheguei ontem da Europa e os Estados Unidos já proclamaram a sua independencia. (Tiradentes) Aqui nós não podemos instalar uma tipografia, construir fabricas, escolas superiores etc. Nada que possa concorrer com Portugal. Além disso ainda temos que pagar uma taxa sobre os produtos extraídos das minas. (Claudio Manuel da Costa) Então vamos ao Rio de Janeiro. Narrador) Mesmo quando em 1780, muitas minas começaram a apresentar pouco rendimento, Portugal continuava a exigir altos impostos. (Vice-Rei) Vou cobrar os impostos atrasados. (Tiradentes) Vou licenciar-me do exército e procurar meus amigos que estudaram na Europa. Eles também querem ver a independência do Brasil. (Narrador) Merrecem destaque nesse movimento: - Os poetas - Claudio Manuel da Costa, Tomás Antonio Gonzaga e Inácio de Alvarenga Peixóto. - O Tenente-coronel Francisco de Paula Freire de Andrada. - O padre Carlos de Correia Toledo. Contudo, tiveram que arcar com a traição de alguns que esperavam com isso obter gratidão dos governantes dispensando suas dívidas ( Tiradentes) Vamos falar com o visconde de Barbacena, hoje é des de maio. Precisamos ser recompensados com isso. (Joaquim Silvério dos Reis) Senhor Governador, estes são: Brasílio de Brito Malheiro e Inácio Correia de Pamplona. Nós queremos o perdão de nossas dívidas. (Governador) Não posso perdoar as dívidas de mais ninguém. (Joaquim Silvério dos Reis) Mas senhos, existe um grupo de intelectuais planejando uma revolta para o dia da DERRAMA. (Governador) É?... Então vou suspender a cobrança dos impostos e eles não devem saber. Assim o movimento fracassará. (Narrador) Os inconfidentes esperaram e no dia não chegou nenhuma cobrança. Continuaram aguardando sem nada saber e quando o grupo estava reunido chegou a órdem de prisão. De início Tiradentes negou sua participação mas depois assumiu a responsabilidade pela rebelião. (Governador) Todos estão condenados à morte) (D.Maria I) Apenas Tiradentes deverá morrer que é o principal envolvido. Os outros serão enviados para a África. Tiradentes entra com o carrasco. (Narrador) Durante muitos anos seu nome esteve esquecido mas a República declarou-o heroi e decretou o dia 21 de abril feriado nacional através da Lei nº 4897 de 9 de dezembro 1975 e José Joaquim da Silva Xavier - Tiradentes - foi declarado patrrono cívico da nação brasileira. ¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨ Os três velhos Isa Magalhães 10 Dez 2005 - 03h27min ( Jornal O Povo) Uma mulher foi até a janela de casa e viu três velhos homens com longas barbas brancas, sentados em frente a casa. Ela não os reconhecia. Curiosa, começou a observá-los e então perguntou: - Senhores, acho que não os conheço, mas devem estar com fome. Por favor, entrem e comam algo. - Seu marido está em casa?, perguntou um dos velhos. - Não, ela disse, foi trabalhar. - Então não podemos entrar! A mulher achou estranha a resposta, mas não disse nada. À noite quando o marido chegou, os três velhos ainda estavam no mesmo lugar, ela contou-lhe o que havia acontecido. - Pois então vá lá fora e diga-lhes que estou em casa e os convide para entrar. Respondeu o marido também curioso. A mulher saiu e convidou-os a entrar. - Não podemos entrar juntos. Responderam. - Por que não?, a mulher perguntou. Então um dos velhos explicou-lhe: - Meu nome é Fartura. Aquele outro, apontou um dos seus amigos, chama-se Sucesso e o outro é Amor. É muito difícil entrarmos juntos numa casa. Agora vá e converse com o seu marido pra saber qual de nós vocês querem em sua casa. Assustada, a mulher entrou e falou com o marido sobre o que os velhos haviam dito. O marido ficou todo feliz e disse: - Que bom! Neste caso vamos convidar a Fartura. Deixe-o vir e encher nossa casa de fartura. Mas a esposa discordou: - Meu querido, por que não convidamos o Sucesso? A filha do casal, que ouvia tudo do outro lado da sala, apresentou sua sugestão: - Não seria melhor convidar o Amor? Nossa casa será mais feliz se estiver cheia de amor! Os dois concordaram. - Vamos atender o conselho de nossa filha. Vá lá fora e chame o amor para ser nosso convidado. A mulher saiu e perguntou aos três homens: - Conversamos e chegamos a uma conclusão: o Amor será nosso convidado. O Amor levantou-se e a seguiu em direção à casa. Nisso, os outros dois também se levantaram e seguiram-no. Surpresa, a senhora perguntou-lhes: - Mas eu convidei apenas o Amor, por que vocês entraram? Os três velhos olharam para a mulher e um deles respondeu: - Se você tivesse convidado apenas a Fartura ou o Sucesso, os outros dois esperariam aqui fora, mas como você convidou o Amor, onde ele for iremos com ele. Onde o Amor está, a Fartura e o Sucesso também estão! O Senhor Palha Extraído de “O Livro das Virtudes”, de William J. Bennett Era uma vez, há muitos anos, um homem chamado Senhor Palha. Ele não tinha casa, nem mulher, nem filhos. Nem tinha sorte. Mal tinha o que comer. Costumava ir ao templo pedir à Deusa da Fortuna para melhorar sua sorte, e nada acontecia. Até que um dia, ele ouviu uma voz sussurrar: - “A primeira coisa que você tocar quando sair do templo lhe trará grande fortuna”. O Senhor Palha levou um susto. Esfregou os olhos, olhou em volta, mas viu que estava bem acordado. Mesmo assim, saiu pensando: “Eu sonhei ou foi a Deusa da Fortuna que falou comigo?” Na dúvida, correu para fora do templo, a procura da sorte. Na pressa, acabou tropeçando nos degraus e foi rolando aos trambolhões até o final da escada, onde caiu na terra. Ao se pôr de pé, ajeitou as roupas e percebeu que tinha alguma coisa na mão. Era um fiapo de palha. “Bom”, pensou ele, “um fiapo de palha não vale nada mas, se a Deusa da Fortuna quis que eu pegasse, é melhor guardar”. E lá foi ele, segurando o fiapo de palha. Logo adiante apareceu uma libélula zumbindo em volta da cabeça dele. Tentou espantá-la, mas não adiantou. A libélula zumbia loucamente ao redor da sua cabeça, e ele pensou: “Muito bem, se não quer ir embora, fique comigo”. Apanhou a libélula e amarrou o fiapo de palha no rabinho dela. Ficou parecendo uma pequena pipa, e ele continuou descendo a rua com a libélula no fiapo. Logo encontrou uma florista com o filhinho, a caminho do mercado, onde iam vender flores. Vinham de muito longe. O menino estava cansado, suado, e a poeira lhe trazia lágrimas aos olhos. Mas quando o menino viu a libélula zumbindo amarrada ao fiapo de palha, seu rostinho se animou. - Mãe, me dá uma libélula? – pediu. - Por favor! “Bom”, pensou o Senhor Palha, “a Deusa da Fortuna me disse que o fiapo de palha traria sorte, mas esse garotinho... E deu a libélula no fiapo para o garoto. - É muita bondade sua – disse a florista. - Não tenho nada para lhe dar em troca além de uma rosa. Aceita? O Senhor Palha agradeceu e continuou o seu caminho, levando a rosa. Andou mais um pouco e viu um jovem sentado num toco de árvore, segurando a cabeça entre as mãos. Parecia tão infeliz, e o Senhor Palha lhe perguntou o que havia acontecido. - Vou pedir minha namorada em casamento hoje à noite – disse o rapaz. Não tenho nada para dar a ela. - Bom, também não tenho nada – disse o Senhor Palha. - Não tenho nada de valor, mas se quiser dar a ela esta rosa, é sua. O rosto do rapaz se abriu num sorriso ao ver a esplêndida rosa. - Fique com essas três laranjas, por favor – disse o jovem. - É só o que posso dar em troca. O Senhor Palha seguiu andando, carregando as três laranjas. Logo encontrou um mascate, ofegante. - Estou puxando a carrocinha o dia inteiro e estou com tanta sede que acho que vou desmaiar. Preciso de um gole de água. - Acho que não tem nem um poço por aqui – disse o Senhor Palha. - Mas se quiser pode chupar estas laranjas. O mascate ficou tão grato que pegou um rolo da mais fina seda na carroça e deu-o ao Senhor Palha, dizendo: - O senhor é muito bondoso. Por favor, aceite esta seda em troca. E o Senhor Palha mais uma vez seguiu pela rua, com o rolo de seda debaixo do braço. Mais tarde, viu passar a princesa numa carruagem. Tinha um olhar preocupado, mas logo se alegrou ao ver o Senhor Palha. - Onde arrumou essa seda? – gritou ela. - É justamente o que estou procurando. Hoje é aniversário de meu pai e quero dar um quimomo real para ele. - Tenho prazer em lhe dar essa seda. – disse o Senhor Palha. A princesa mal podia acreditar em tamanha sorte. - O senhor é muito generoso – disse sorrindo. - Por favor, aceite esta jóia em troca. A carruagem se afastou, deixando o Senhor Palha segurando a jóia de inestimável valor refulgindo à luz do sol. “Muito bem”, pensou ele, “comecei com um fiapo de palha que não valia nada e agora tenho uma jóia!” Levou a jóia ao mercado, vendeu-a e, com o dinheiro, fez uma plantação de arroz. Trabalhou muito, arou, semeou, colheu, e a cada ano a plantação produzia mais arroz. Em pouco tempo, o Senhor Palha era um dos maiores produtores de arroz. Mas a riqueza não o modificou. Sempre ofereceu arroz aos que tinham fome e ajudava a todos que o procuravam. Diziam que sua sorte tinha começado com um fiapo de palha, mas acho mesmo que foi com a generosidade.

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